"Que destino ou maldição
Manda em nós, meu coração,
Um do outro assim perdidos?
Somos dois gritos calados,
Dois fados desencontrados,
Dois amantes desunidos!
Por ti, sofro e vou morrendo,
Não te encontro, nem te entendo,
A mim, digo sem razão:
Coração, quando te cansas
Das nossas mortas esperanças?
Quando paras, coração?
Nesta luta, nesta agonia
Canto e choro de alegria
Sou feliz e desgraçada!
Que sina tua, meu peito!
Que nunca estás satisfeito,
Que dás tudo e não tens nada!
Na gelada solidão,
Que tu me dás, coração,
Não é vida, nem morte;
É lucidez, deaatino,
De ler no próprio destino,
Sem poder mudar-lhe a sorte."
O nosso coração não pára, as nossas almas cada vez mais unidas... mas o sofrimento, esse de dia para dia, agudiza-se!
A ansia de querer, não poder e nem ter... tudo às avessas, tudo ao contrário... trocam-nos as voltas, invertem-nos os caminhos, amaldiçoam o nosso querer, recalcam a vontade e o nosso desejo...
Estamos condenados... somos, inevitavelmente, dois gritos calados, dois fados desencontrados, dois amantes desunidos... Foi no momento errado, à hora errada, no lugar errado... maldito destino!
Apenas te digo, ainda que contra tudo e todos, mexes muito comigo...! E, todos os dias, travo internamente, uma luta para racionalizar, para me afastar desta tentação, deste triste fado... mas confesso, que não tenho conseguido...
É penoso querer-te e não te ter... Ainda assim, vou continuar a lutar...!!!
Um beijo sentido.
quinta-feira, 18 de junho de 2009
AMÁLIA RODRIGUES - MALDIÇÃO
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1 comentário:
Naquela noite quente, sentados ao lado um do outro, olhavam o horizonte na sua frente. Xavier ouvia-a e bebia-lhe as palavras como fossem a água que lhe matasse a sede. Quem seria Ela?
Relembrou que nos últimos anos todos os dias ali se tinha sentado, sempre sozinho. Aquele era o seu canto, ali tinha conseguido resolver muitas coisas, muitas decisões tinham sido tomadas naquele local e sempre, sempre sozinho. Mas hoje, a pretexto de nada conhecer naquela cidade nova, ela tinha-o interpelado e sem ser convidada, acabou por sentar-se. Estava escuro, Xavier não lhe distinguia as formas, mas imaginava-a bonita de pele sedosa, cabelos longos e olhos vivos. Era assim que gostava que fosse. Enquanto a ouvia falar, Xavier, a medo, olhou-a e pensou no que teria a sua voz, porque lhe soava tão bem? Tão meiga e suave e, ao mesmo tempo, tão cheia de vida?
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