sábado, 6 de junho de 2009

TU...

Tu...!
Tu que, também, me estás a fazer sentir assim... viva, feliz, cheia de mim...
Estás-me a fazer sentir, como já não me sentia faz tempo...
Mas, também, mais uma vez, os caminhos que nos perseguem são sinuosos, quase proibidos, jardins de trevas e de fogo que nos queimam a alma, confortando-nos por dentro... Estranho, não?
Porque o lugar não podia ser este e o momento também não... Cruzámos-nos sem supor o que nos ia acontecer... Sem pensar, como é possível vivermos o amanhã, passando por isto...
Os nossos pensamentos estão atolados de inquietações, de perguntas sem respostas, de momentos que se prolongam quase infinitamente no tempo, sem sabermos como irá acabar... ou tão pouco, começar... Tempo este, que urge e que nos afasta, porque a racionalidade deve imperar e as emoções, essas, sem dúvida, devem ser recalcadas para o nosso inconsciente profundo, devendo ficar quase inertes... esquecidas...!
(In)consciente esse que nos aparta e ao mesmo tempo nos une, porque faz emergir pulsões, vindas, não sabemos nós de onde e que nos fazem sentir inquietos, receosos, mas ao mesmo tempo plenos de desejo e de vontades...
Vontades em concretizar a verdade dos sentimentos, do pulsar dos nossos seres que se enlaçam nos nossos corpos quentes, que apelam à busca do princípio do prazer...! Queremos dançar esta dança, que se arroga pura, verdadeira, plena de uma intensidade quase que vivida e fortemente partilhada... Partilha essa que na realidade não existe, desta forma.... porque existe "apenas" nas palavras que se trocam, que se dizem e nas que ficam por dizer... e ainda que, até isso, nos seja muito limitado!
Mas tu sabes, e nós sabemos, que as nossas vidas não nos permitem vivê-la desse modo... como gostaríamos e como ambicionamos...
Estamos condenados ao fracasso dos sentidos e de não nos sentirmos inteiros, vivos, do calor e do suor dos nossos corpos que não jorram, da procura, sem encontro, da junção das emoções que, inevitavelmente, se afastam porque a razão não lhes permite tal acto...!
Vou tentar, e espero que assim o faças, respeitar o momento e manter a amizade que, essa sim, também nos une e ninguém nos pode negar, ainda que possa ser incompreendido por muitos...
Para mim, é sem dúvida, das formas mais genuínas de amar, porque através dela nos é permitido partilharmos momentos, emoções e experiências de vida, sendo que também o podemos fazer de forma intensa e imensa... E uma vez que, e infelizmente, o todo, o tudo e o mais fica arredado dos nossos caminhos, retido no nosso imaginário e nas nossas fantasias...
Novamente a vida está-me(nos) a pôr à prova, estamos a ser tentados, confrontados com uma realidade dura, que se torna numa profunda injustiça, porque é tão difícil resistir e ser racional... Contudo, e o mais importante é sabermos e termos consciência de que a vida é feita destas coisas, e que os momentos de felicidade se constroem com base em adversidades e contrários... porque o mais importante é amarmos a vida e sabermos ser felizes... E, de mente aberta, aceitarmos que não podemos viver genuinamente, sempre o que gostaríamos, porque não nos é permitido, é apenas muito desejado!!!
Por tudo isto te digo... TU! És, sem dúvida, especial porque tens o privilégio de me descobrires diariamente, de me encontrares dentro de ti, de conheceres o meu EU e o meu mundo... Deixando-me, por vezes, num desatino quase sórdido, perverso, sem ter margem para dizer, que assim não quero, não posso, não devo e não consigo...
E com isto, apenas, te repito, TU...!!!
P.S. Do EU para o TU... Um beijo imenso...!;)

2 comentários:

Unknown disse...

Zé tinha um problema.
O equilíbrio de Zé era precário e não era devido ao estado dos andaimes que o sustentavam a dois andares de altura, com sinais evidentes de todas as obras passadas. O problema de Zé tinha acontecido há duas semanas atrás. Zé sentia-se confuso e irracional pela primeira na quase longa vida. Qual era a origem da luz que o ofuscava? Porque raio se sentia baralhado, poucas vezes com vontade de não ter vontade e muitas vezes com vontade de ter mais vontade?
Zé era um prático. Da mesma forma que usava o nível e o fio-de-prumo para fazer com as suas mãos aquela parede de tijolo de 15, Zé procurava no seu íntimo as ferramentas que lhe pudessem explicar o porquê de tudo aquilo. Zé não encontrou.
Esta necessidade de compreender a origem da luz, fazia-o desejar que as paredes a construir fossem maiores e que as noites fossem pequenas. A sua vontade era estar perto da luz, pois era ali, onde as paredes se construíam, no meio da massa, da essência, o sítio onde sentia a sua presença.
Rapidamente, percebeu que a origem da luz era o menos importante. Fundamental era mesmo senti-la. Essa passou a ser a sua preocupação.
A luz reconfortava-o, a luz era viciante. Zé não era paciente, Zé não era calmo. Zé era um duro, ou melhor, Zé pensava ser um duro. Mas aquela luz modificou-o. Zé pensava em agarrá-la, escondê-la, queria-a só para ele, sem pressa, sem angústia, enfim...tê-la sempre ao seu lado.
Hoje, sentiu-a de outra forma, sem saber se fora sonho, conseguiu tê-la nos braços...e aí sim, teve a certeza...brilhava só para ele.

GIRASSOL disse...

Intenso...!
Zé... que a luz, que queres que seja tua, brilhe durante um tempo infinito e te ilumine na construção das paredes que te propuseste em fazer... Com aquela vontade e desejo que nos enchem, quando estamos na presença de algo que sentimos, só nosso, puro e imenso!
Que as noites sejam curtas e os dias cheios e plenos de ti e de LUZ!!!